Dando sequência a caminhada a partir de Barra de Camaratuba,
agora no sentido de Baía de Traição (sul), na caminhada anterior (aqui) o
sentido foi Sagi (norte).
A caminhada foi numa segunda (23/07) antes da lua cheia e do
eclipse total que ocorreu na sexta (27/07), que infelizmente não foi observável
do local devido a chuva que caiu o dia inteiro. A maré seca ocorreu um pouco
após às nove e, como tinha que atravessar o rio Camaratuba, saí duas horas
antes para poder voltar da Baía de Traição ainda com a maré seca, pois em
alguns trechos do litoral só se passa com maré seca devido à pedras e à
proximidade da falésia com as ondas na maré cheia, além da travessia do rio na
Barra de Camaratuba, só possível na maré ainda seca.
Após atravessar o rio, encarar uma trilha por dentro do
mangue e por dunas deu para observar a Barra do alto, registrando as primeiras
fotos da caminhada. Na sequência segui para a praia e iniciei a caminhada pelo
litoral. Este trecho pertence a uma área dos índios potiguaras e ainda está livre
de tráfego dos famigerados 4x4, bugres, motos e quadriciclos. Creio que seja mais
pelo problema do litoral ficar sem área de escape na maré cheia com trechos de
pedras e as ondas ficarem batendo nas falésias altas predominantes em
praticamente todo o litoral. No entanto, existe uma estrada de barro que liga Barra
de Camaratuba à Baía de Traição e frequentemente usada pelos veículos citados, principalmente
nos finais de semana e feriados, quando fazem suas aventuras em comboio. Já é
possível observar desmatamentos na área por sobre a falésia onde o visual é fantástico,
melhor ainda se houvesse vegetação nativa preservada. O intuito desse
desmatamento deve ser para ocupação e construção, tendo sido observado por mim
durante a caminhada, várias trilhas camufladas entrando no mato fechado, algumas
dessas dando em áreas com queimadas.
A caminhada pelo litoral é tranquila e sossegada sem rastros
humanos até já próximo de Baía de Traição quando começam a aparecer barracas
bares. Como era uma segunda tudo estava deserto, mas vestígios da falta
de educação ambiental estavam bem visíveis: sacos plásticos, garrafas pet e
pedaços de isopor. As falésias são altas e impressionam quando observadas de
sua base e nos entristece quando observo lixo jogado de cima ficando enganchado
na rala vegetação que se prende na falésia. Até um armário de cozinha tinham
jogado lá. Não sabem o mal que estão fazendo a si próprios com este crime. Aliás,
acredito que já estejam sabendo, ou pelo menos desconfiando, já que o mar tem
sido rigoroso no litoral da Baía de Traição destruindo e engolindo construções.
Na primeira vez que passei por lá, indo de moto, no início do ano de 2000,
haviam muitas barracas na beira da praia, coqueiros e campos de vôlei, hoje o
mar avançou e destruiu tudo inclusive casas de veraneio como mostram as imagens
no álbum abaixo. Mesmo aqueles mais afortunados financeiramente, que tentaram
resistir com paredes pesadas de pedras, foram derrotados pelas marés de
ressaca, que destruíram as paredes com blocos de pedras e suas casas, bares e
pousadas.
A volta se deu rapidamente, pois não quis arriscar pegar a
barra já enchendo tendo que atravessá-la levando na mão um saco plástico com a
máquina fotográfica. A hora que cheguei na casa em que estava hospedado foi um
pouco depois das onze horas totalizando cerca de quatro horas e algo em torno
de trinta quilômetros percorridos (ida e volta). Ainda deu para tomar um banho
e relaxar um pouco na barra para relembrar e comparar o trecho com o da praia
de Sagi. O trecho de Sagi tem ainda dunas para dropar, lagoas, torres de
geradores eólicos e a barra do Gajú, além de tráfego de veículos constante
inclusive de tratores de uma mineradora de areia que fazem a trilha Barra de Camaratuba
– Sagi. Já o trecho de Baía de Traição tem algumas dunas próximo à barra de
Camaratuba, mas com vegetação e sem possibilidade de drop com sandboard. Tráfego
de veículos só próximo ao final, quando começam as habitações e movimentações
de pessoas, pois o município tem muito mais habitantes que Sagi ou Barra de
Camaratuba. O trecho também tem uma lagoa que tentei fotografar durante a caminhada,
mas ao avistar fumaça no mato já próximo da lagoa preferi retornar e evitar
contato com pessoas desmatando áreas ou tirando lenha da vegetação sofrida do
local. Também tem um trecho onde é possível surfar. Um local ainda isolado e
longe de habitações, mas também não é constante e, no momento em que passei por
lá, estava flat (sem ondas). Na própria praia de Baía de Traição tem surf só
que no dia que passei por lá também estava flat. O trecho está livre, pelo
menos por enquanto, de torres eólicas, o que estraga menos o local e o visual
do litoral.
Abaixo tem o álbum com imagens da caminhada e uma imagem do Google
Earth mostrando o trecho caminhado pelo litoral.
Lindas fotos, meu amigo querido.
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