sexta-feira, abril 13, 2018

SAGI À BARRA DE CAMARATUBA


A aventura agora é entre Sagi no RN e Barra de Camaratuba na Paraíba. Neste trecho a natureza ainda é presente, mas foi muito degradada entre os anos de 2005, quando lá estive a primeira vez, e 2018, onde agora passo uns dias. Com passagens também em 2016 acompanhando alunos e 2017 (ver post aqui e aqui). Essa degradação se deu pelo desmatamento e destruição de dunas devido a mineração e usina eólica. O acesso na primeira visita era a partir de estrada de barro e por entre canavial. Hoje temos asfalto e o canavial foi substituído pelas torres eólicas.
Fiquei uns dias em Barra de Camaratuba, distrito de Mataraca no estado da Paraíba, na casa de um conhecido e de lá fiz minhas aventuras para Sagi e Baía de Traição caminhando pela praia. O trecho Barra de Camaratuba até Baía de Traição será assunto para outro post.  Nesta casa, que tem algumas árvores, pude observar uma família de saguis, pássaros como rouxinóis, sabiás e rolinhas, além da praga dos pardais e, também, uma família de iguanas verdes (fotos no álbum abaixo). Os pardais tratei de expulsá-los do local. Foram cantar noutro lugar aparecendo de vez em quando para me testar, mas botava-os para correr de novo.
A caminhada que descrevo ocorreu no dia 09/04/2018. Iniciei por volta das 13:30 horas e o retorno foi à noite cerca de 20:00 horas. A caminhada partiu de Barra com a maré secando. Caminhada difícil por ter muitos trechos com areia fofa, mas foi sem problemas com tráfego dos 4x4, praga que assola nossas praias. No trajeto pude registrar as mudanças devido à instalação das torres eólicas. Muita área de mata atlântica foi destruída e as trilhas por onde caminhava em 2005 desapareceram. Agora temos toda a área cercada com arame farpado para evitar o acesso às torres eólicas. Foram duas usinas instaladas neste trecho. Uma próxima de Barra de Camaratuba e outra próxima de Sagi na área onde já existia uma mineradora de titânio. Tanto a mineradora como as usinas, pelo que ouvi alguns locais falarem, estão fazendo reflorestamento. Recuperar áreas de dunas degradadas não é fácil e nunca voltarão ao que era antes devido a dinâmica dos ventos e areia no litoral. O mar já engoliu uma grande faixa de areia e destruiu construções no litoral de Barra de Camaratuba e de Sagi (fotos no álbum). É ver para crer. Eu não estarei mais aqui se isso ocorrer e só as próximas gerações saberão e sentirão o resultado.
Neste trecho existem lagoas (maceiós) no caminho entre as duas barras – Guajú e Camaratuba. No álbum abaixo registrei duas delas que são mais exploradas. A barra do Guajú em Sagi, divisa entre o Rio Grande do Norte e Paraíba, foi completamente modificada tendo o mar avançado e inundado uma grande área formando até uma ilhota com mangue na maré cheia. Na maré seca se pode atravessar a pé o rio Guajú e chegar até a praia de Sagi. A orla da praia já sofre as consequências do avanço do mar com muitas construções destruídas. A barra do Guajú era um braço do rio estreito que se ligava ao mar já na praia. Havia uma duna alta, muita visitada por turistas e pela comunidade local, que era utilizada para descida de tábuas de morro (equivalente ao sandboard) e cercada de mata atlântica. Era fantástico ver lá de cima, debaixo de árvores centenárias, o mar, o rio e as dunas. Hoje não se tem mais essa duna nem a mata trocadas por torres de vento. Mas se tem um terminal turístico com várias barracas, que já sofrem a ação do avanço do mar, e uma tirolesa que atrai a atenção de muitos visitantes nos seus 4x4 e bugreiros vindo de Baía Formosa. Hoje uma grande área foi invadida pelo mar mudando completamente a geografia do local.
Após atravessar o rio Guajú me deparei com mais mudanças no trecho até a praia de Sagi. O avanço do mar engoliu uma grande faixa de areia e o bicho homem destruiu uma parte da falésia para fazer uma estrada fazendo uma ligação para a praia. O barro sem cobertura vegetal, veículos 4x4, tratores e somando-se chuvas e ventos só poderá resultar na degradação da falésia. É esperar para ver.
A volta se deu por volta das 17:30 horas, agora sem paradas para retirar fotos e explorar locais, já escurecendo. No caminho, tendo à frente o sul, observando as constelações do Cruzeiro do Sul, Centauro e Quilha; no oeste as constelações de Órion, Touro com as Plêiades, Cão Maior e Cão Menor; no leste Virgem e Leão. Para o norte a sempre bela e formosa Ursa Maior. Apesar de não ter Lua no céu tinha muitas nuvens o que dificultava a observação, mas essas constelações citadas estavam na maior parte do tempo de caminhada visíveis após o escurecer tornando a caminhada do regresso bem prazerosa. No zênite as constelações de Gêmeos e Câncer também apareciam por entre nuvens. Com relação aos planetas meu costumaz companheiro de andanças – Vênus – esteve visível no oeste até umas 19:00 horas quando se escondeu entre as elevações dunares. No leste, também por volta das 19:00 horas, Júpiter se fez presente e me acompanhou no resto da caminhada, aqui e acolá se escondendo entre as nuvens. Como trilha sonora o som das ondas do mar, do vento e o barulho das pás girando das torres como interferência.  Foram cerca de 30 quilômetros de caminhada (ida e volta). Faltando ainda o trecho do distrito até o encontro do rio Camaratuba com o mar. Cerca de 3 quilômetros ida e volta no sentido contrário.
O distrito de Barra de Camaratuba também sofre terrivelmente pelo avanço da maré que engole faixas de areia e, nesse avanço, destruindo construções (imagens no álbum). As ondas mudaram muito. Não temos mais as ondas clássicas de antigamente nas marés cheias. Hoje temos muitas pedras aparecendo na praia, fora as originadas pelas destruições durante as ressacas, e o fundo muito irregular deixando as ondas sem boa formação. Ainda temos restos de mata atlântica, mas muito se perdeu em vegetação e dunas devido à instalação da usina eólica e a mineração (titânio). Antes podia dropar dunas incríveis com o sandboard no caminho entre Barra de Camaratuba e Sagi, hoje só se consegue encontrar poucas dunas baixas. Uma mudança radical entre minha primeira visita em 2005 e agora em 2018.
A caminhada da casa para a barra do rio Camaratuba não é demorada (1,5 Km), mas o avanço do mar tem feito estragos consideráveis na orla. Muitas casas e pousadas têm tido prejuízos com muros destruídos e ameaças sérias de perda dos imóveis. A barra do rio Camaratuba também modificou-se com o avanço do mar e, algumas vezes, a maré cheia inunda áreas com construções (barracas dos comerciantes locais – terminal turístico). Provavelmente essa área deverá ser engolida pelo avanço do mar. O visual de muito verde da barra do rio também começa a se deteriorar, pois já existe uma área numa elevação que cerca o local sem cobertura vegetal (imagem no álbum). Com certeza provocada por visitantes que sobem para ver o visual lá de cima ou para fazer acampamentos improvisados. Essa área sem cobertura sofrendo o ataque humano e a ação de vento e chuva se ampliará e sofrerá mais degradação. Vamos esperar que as autoridades e comunidade local se atentem para isso a tempo.
Embora tenha narrado uma caminhada, na verdade fui várias vezes para Sagi e/ou barra do Guajú. Às vezes levando meu sandboard para dar uma caída numa das poucas dunas de qualidade. Mesmo não sendo muito alta dava para ter um gostinho de adrenalina. Já para o outro lado fui mais vezes devido a proximidade e para observar a qualidade das ondas na saída do rio (outro point de surf). Além do banho que é bem agradável. Na maré seca com água do rio e na maré cheia com água do mar, mas sempre sem ondas, pois o banco de areia na entrada protegia da ondulação. No entanto, com o mar de ressaca as águas passam por cima do banco e aí complica tudo.
Na próxima aventura atravessaremos o rio Camaratuba na maré seca com destino à Baía de Traição. Abaixo temos o álbum contendo imagens da caminhada e do que foi observado. Também tem uma imagem do Google Earth mostrando os fatos citados no texto e o trecho percorrido nesta aventura.   


CAMARATUBA-SAGI
Álbum

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