sábado, agosto 04, 2018

BARRA DE CAMARATUBA À BAÍA DE TRAIÇÃO


Dando sequência a caminhada a partir de Barra de Camaratuba, agora no sentido de Baía de Traição (sul), na caminhada anterior (aqui) o sentido foi Sagi (norte).
A caminhada foi numa segunda (23/07) antes da lua cheia e do eclipse total que ocorreu na sexta (27/07), que infelizmente não foi observável do local devido a chuva que caiu o dia inteiro. A maré seca ocorreu um pouco após às nove e, como tinha que atravessar o rio Camaratuba, saí duas horas antes para poder voltar da Baía de Traição ainda com a maré seca, pois em alguns trechos do litoral só se passa com maré seca devido à pedras e à proximidade da falésia com as ondas na maré cheia, além da travessia do rio na Barra de Camaratuba, só possível na maré ainda seca.
Após atravessar o rio, encarar uma trilha por dentro do mangue e por dunas deu para observar a Barra do alto, registrando as primeiras fotos da caminhada. Na sequência segui para a praia e iniciei a caminhada pelo litoral. Este trecho pertence a uma área dos índios potiguaras e ainda está livre de tráfego dos famigerados 4x4, bugres, motos e quadriciclos. Creio que seja mais pelo problema do litoral ficar sem área de escape na maré cheia com trechos de pedras e as ondas ficarem batendo nas falésias altas predominantes em praticamente todo o litoral. No entanto, existe uma estrada de barro que liga Barra de Camaratuba à Baía de Traição e frequentemente usada pelos veículos citados, principalmente nos finais de semana e feriados, quando fazem suas aventuras em comboio. Já é possível observar desmatamentos na área por sobre a falésia onde o visual é fantástico, melhor ainda se houvesse vegetação nativa preservada. O intuito desse desmatamento deve ser para ocupação e construção, tendo sido observado por mim durante a caminhada, várias trilhas camufladas entrando no mato fechado, algumas dessas dando em áreas com queimadas.
A caminhada pelo litoral é tranquila e sossegada sem rastros humanos até já próximo de Baía de Traição quando começam a aparecer barracas bares. Como era uma segunda tudo estava deserto, mas vestígios da falta de educação ambiental estavam bem visíveis: sacos plásticos, garrafas pet e pedaços de isopor. As falésias são altas e impressionam quando observadas de sua base e nos entristece quando observo lixo jogado de cima ficando enganchado na rala vegetação que se prende na falésia. Até um armário de cozinha tinham jogado lá. Não sabem o mal que estão fazendo a si próprios com este crime. Aliás, acredito que já estejam sabendo, ou pelo menos desconfiando, já que o mar tem sido rigoroso no litoral da Baía de Traição destruindo e engolindo construções. Na primeira vez que passei por lá, indo de moto, no início do ano de 2000, haviam muitas barracas na beira da praia, coqueiros e campos de vôlei, hoje o mar avançou e destruiu tudo inclusive casas de veraneio como mostram as imagens no álbum abaixo. Mesmo aqueles mais afortunados financeiramente, que tentaram resistir com paredes pesadas de pedras, foram derrotados pelas marés de ressaca, que destruíram as paredes com blocos de pedras e suas casas, bares e pousadas.
A volta se deu rapidamente, pois não quis arriscar pegar a barra já enchendo tendo que atravessá-la levando na mão um saco plástico com a máquina fotográfica. A hora que cheguei na casa em que estava hospedado foi um pouco depois das onze horas totalizando cerca de quatro horas e algo em torno de trinta quilômetros percorridos (ida e volta). Ainda deu para tomar um banho e relaxar um pouco na barra para relembrar e comparar o trecho com o da praia de Sagi. O trecho de Sagi tem ainda dunas para dropar, lagoas, torres de geradores eólicos e a barra do Gajú, além de tráfego de veículos constante inclusive de tratores de uma mineradora de areia que fazem a trilha Barra de Camaratuba – Sagi. Já o trecho de Baía de Traição tem algumas dunas próximo à barra de Camaratuba, mas com vegetação e sem possibilidade de drop com sandboard. Tráfego de veículos só próximo ao final, quando começam as habitações e movimentações de pessoas, pois o município tem muito mais habitantes que Sagi ou Barra de Camaratuba. O trecho também tem uma lagoa que tentei fotografar durante a caminhada, mas ao avistar fumaça no mato já próximo da lagoa preferi retornar e evitar contato com pessoas desmatando áreas ou tirando lenha da vegetação sofrida do local. Também tem um trecho onde é possível surfar. Um local ainda isolado e longe de habitações, mas também não é constante e, no momento em que passei por lá, estava flat (sem ondas). Na própria praia de Baía de Traição tem surf só que no dia que passei por lá também estava flat. O trecho está livre, pelo menos por enquanto, de torres eólicas, o que estraga menos o local e o visual do litoral.
Abaixo tem o álbum com imagens da caminhada e uma imagem do Google Earth mostrando o trecho caminhado pelo litoral.



BAÍA DE TRAIÇÃO
Clique na foto para abrir o álbum.

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