Dando seguimento as aventuras pelo litoral, o trecho agora vai
de Barreta à Tibau do Sul. As caminhadas pela orla e dunas, como sempre, foram
muitas, principalmente pelas dunas atrás dos dropes com o sandboard. Algumas
vezes pela manhã, outras à tarde voltando já escuro com luar e sem luar.
As caminhadas pela orla visavam conhecer e sentir a praia,
saindo de Barreta, onde fiquei numa casa alugada durante os meses de janeiro e
fevereiro de 2017, passando por Malembá e indo até Tibau do Sul. A praia de Malembá
finaliza na comunicação da Lagoa de Guaraíras com o mar aberto. Para chegar à
praia de Tibau do Sul, se tem balsas que levam tanto veículos como pessoas. Tanto
Tibau como a lagoa de Guaraíras já eram conhecidas por mim quando, numa aventura
explorando o litoral pelo mar com um hobie cat, junto com companheiros também
com o mesmo tipo de barco, fizemos uma aventura saindo da praia de Sagi,
fronteira do Rio Grande do Norte com a Paraíba, com destino ao Iate Clube no
rio Potengi em Natal. Nesta aventura, que será contada depois, ancoramos para
pernoitar na Lagoa e em Pirangi do Norte. Voltando ao trecho entre Barreta e
Tibau, as caminhadas são tranquilas, com a maré seca ou cheia, tendo a parte
final da praia de Barreta e praia de Malembá ainda desertas, sem casas de praia
ou resorts. Algum tráfego de veículos se faz notar, principalmente próximo da
Lagoa, o que requer atenção para os caminhantes. O trecho tem cerca de oito
quilômetros e meio contando a partir do local da casa em Barreta até a Lagoa de
Guaraíras em Tibau do Sul, mas, indo pelas dunas, a distância vai para um pouco
mais de dez quilômetros. A imagem do Google Earth mostrando o trecho do litoral
e o caminho percorrido se encontra no álbum abaixo.
Embora seja legal, para mim pelo menos, caminhar vendo e
escutando apenas o mar, dunas e vegetação, o prazer se torna maior quando
podemos adicionar adrenalina descendo dunas altas e verticais, possibilitando
dropes insanos e arriscados, ou dunas altas e com inclinações adequadas para
manobras radicais como aéreos e rasgadas. As dunas de Barreta e Malembá
possibilitam isso ainda, mas o sossego e tranquilidade se encontram
comprometidos com a invasão dos bugres fazendo trilhas e destruindo as dunas, vendendo aventura para turistas hipócritas e, o que
é pior ainda, com as invasões para construção de habitações. Infelizmente esta
região tem tudo para se transformar numa nova Vila de Ponta Negra ou Mãe Luiza,
com todos os seus problemas atuais num curto espaço de tempo.
Passando por cima destes problemas, mesmo porque o objetivo
aqui é falar dos dropes nas dunas, as caminhadas em busca delas foram na
maioria à tarde com retorno à noite. Algumas vezes as buscava pela manhã
mesmo, mas em todos os casos valeu a pena as caídas. Quando os dropes
aconteciam à tarde a volta sempre ocorria à noite, uma delas de Lua cheia. O
prazer de ver o Sol se pôr no oeste e a Lua nascer no leste, deixando seu
rastro de luminosidade no mar, cercado de silêncio, dunas e vegetação é único.
Mesmo nas noites sem a Lua, quando após várias subidas nas dunas íngremes com
os dropes subsequentes, despejando energia nas manobras ou sentindo o choque do
vento no corpo durante as descidas verticais com o sand, haviam sempre as
constelações e o velho companheiro Vênus iluminando intensamente o caminho e o
espírito no oeste, acompanhado de perto pelo não tão chamativo Marte. Nesses dias nem dava vontade de voltar mais
para casa, mas, no fim, a realidade dobrava esta vontade e o retorno se
efetivava.
Além da prática do sandboard nas dunas e caminhadas na
praia, também explorei a mata nas dunas, que por enquanto continuam
sobrevivendo, e até encontrei alguns cajus para saborear. Algumas matas
fechadas se encontram entre dunas, num ecossistema particular e repleto de
surpresas, como uma registrada em foto mostrando uma trepadeira lutando com uma
árvore para encontrar luz suficiente para sobreviver. Ela se enterrava
firmemente no tronco mostrando a força de suas fibras (foto no álbum). Uma pena
que toda essa luta terminará sendo em vão, pois logo serão cobertas pela areia
que segue implacável se movendo. Conseguirão elas escaparem do aterramento?
Talvez até consigam sobreviver ao sufocamento, mas, infelizmente, com certeza
sucumbirão a um inimigo muito pior e mais violento – o homem.
Na sequência temos álbum de fotos deste trecho e um pequeno vídeo mostrando alguns drops nas dunas de Barreta/Malembá.
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