domingo, abril 03, 2016

NASCENTE DO RIO PIQUIRI

Dia 31 de março, fui fazer uma exploração da região onde se encontram as nascentes do rio Piquiri em Pedro Velho(?). Este rio é o responsável pelo abastecimento das cidades de Pedro Velho, Montanhas e Nova Cruz, além do distrito de Piquiri pertencente à cidade de Canguaretama.
A caminhada foi realizada de bermuda e sandália, tendo levado apenas uma câmera fotográfica para registrar fatos importantes da aventura. A saída foi às 5:30 horas. O planejamento da aventura foi realizado a partir de uma visita ao Google Earth que, no entanto, não indicava as trilhas para se chegar às nascentes ou à barragem da Usina – reservatório usado pela usina de cana para irrigar o canavial. Pelos meus cálculos, e de acordo com a régua do Google Earth, percorreria uma distância de 30 quilômetros ida e volta, o que não me exigiria levar nada, a não ser a câmera para registros, uma vez que já caminhei o dobro desta distância sem necessidade de levar algum equipamento, alimentação ou água. A manhã começou nublada e o chão molhado com chuvas caídas durante a madrugada, mas no decorrer da manhã o céu abriu e o Sol mostrou todo seu esplendor, apesar de algumas nuvens reduzirem seu brilho de vez em quando.
A caminhada foi tranquila e os pontos encontrados na estrada estavam de acordo com os do Google Earth. Primeiro o caminho até o balneário (ver post sobre ele aqui), depois duas edificações bem na frente e, na sequência, uma barreira de Eucaliptos, que era meu indicador para virar à direita em direção à mata ciliar (ver esquema abaixo). Ao final desta estrada já dava para ver a barragem ao longe e o local onde deveria entrar para encontrá-la, a partir de uma outra estrada que margeava a mata. Neste ponto o Google deixava de ajudar e a responsabilidade de encontrar o caminho passava a ser minha. O problema é que a mata estava muito fechada e, se tinha alguma trilha antes, o tempo e as chuvas recentes fizeram o trabalho de eliminá-la. Se aparecia algum caminho no início indicando uma trilha, no decorrer da caminhada o mato se adensava e cobrava um alto preço em termos de ferimentos por folhas cortantes e espinhos, além de abelhas, mutucas, aranhas, formigas e mosquitos. Durante estas tentativas de encontrar o caminho, primeiro para a barragem, e depois para a nascente, tive que me arrastar por entre galhos espinhosos e mata fechada, perdendo totalmente o sentido de direção. Era preciso buscar sinais memorizados como árvores altas, galhos quebrados ou ramos deixados pelo caminho. Muitas vezes, enquanto era mordido por formigas, tentava encontrar uma saída para a armadilha da natureza. Nestes momentos valeu a experiência em caminhadas em matas e a paciência, pois o desespero ali seria a condenação à morte.
Essas tentativas frustradas de encontrar caminho dentro da mata me fizeram gastar umas duas horas extras e muito sacrifício, mas não me fizeram desistir do meu objetivo. No entanto, a tentativa de encontrar a estrada que dá acesso à barragem pelo outro lado foi frustrante, pois cheguei muito perto dela (sem saber). Como o Sol já estava alto tive que desistir devido a compromisso na escola com alguns alunos.  
Apesar do sufoco valeu a pena. Poder beber da água cristalina da nascente do rio e tomar um banho com a água fria e reconfortante acompanhado do som da natureza viva ao redor foi realmente incrível, sem contar que não encontrei nenhum sinal da poluição humana como garrafas pet, sacolas plásticas ou embalagens de produtos alimentícios. Ufa!!
Mas o sacrifício não tinha terminado ainda. Agora o retorno pela mata me esperava para novo teste, agora já restabelecido e, portanto, mais preparado para não brigar com a natureza e sim escutá-la. A volta pela trilha foi mais fácil, porém o corpo tinha um desafio ainda maior, que era a volta pela estrada sob o Sol alto, com o corpo cheio de cortes, principalmente as pernas, e os pés com calos provocados pela sandália durante as caminhadas no mato – lá não dava para arriscar andar descalço. O costume de andar descalço pelas trilhas do surf me possibilitou tirar de letra a caminhada de volta pela estrada de barro e piçarra. Ao passar pelo balneário dei uma parada para tomar um banho rápido, notando a diferença gritante da qualidade da água em relação à nascente, e segui viagem para Pedro Velho.
A caminhada nesta aventura, que estava planejada para ser de 30 quilômetros, foi na verdade de algo próximo dos 50 quilômetros (veja roteiro da caminhada no álbum), sendo a quilometragem extra devido aos fracassos de encontrar a trilha certa e a tentativa de encontrar o acesso à barragem pelo outro lado. A hora de chegada em casa foi perto das treze horas totalizando quase oito horas de caminhada. O mais importante dessa aventura - ou loucura, é que pelo menos as nascentes estão ainda protegidas do acesso humano pela própria natureza - e que continuem assim, embora a preocupação pela preservação da qualidade da água do rio deva ser em toda a sua extensão.
Agora fiquem com as fotos retiradas nesta aventura e, para entrar no clima, com a gravação do som da natureza no local, com as cigarras fazendo dueto com a água na nascente.

       NASCENTE DO PIQUIRI 

2 comentários:

  1. Bom dia e preciso uma fiscalização muito grande no Rio piquiri logo após o balneário o desmatamento e enorme inclusive estão enterrando um açude com lixo de rua e nenhum órgão toma nenhuma providência. Até onde vai este desmatamento inclusive com ajuda de tratores da prefeitura.

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  2. Tem que proteger, plantar matas nas áreas degradadas, que proteger a natureza é produzir água, Porquê a população aumenta e as águas não, por isso que cada ano que passa falta mais águas nas cidades.

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