Dia 31 de março, fui fazer uma exploração da região onde se
encontram as nascentes do rio Piquiri em Pedro Velho(?). Este rio é o
responsável pelo abastecimento das cidades de Pedro Velho, Montanhas e Nova
Cruz, além do distrito de Piquiri pertencente à cidade de Canguaretama.
A caminhada foi realizada de bermuda e sandália, tendo
levado apenas uma câmera fotográfica para registrar fatos importantes da
aventura. A saída foi às 5:30 horas. O planejamento da aventura foi realizado a
partir de uma visita ao Google Earth que, no entanto, não indicava as trilhas
para se chegar às nascentes ou à barragem da Usina – reservatório usado pela
usina de cana para irrigar o canavial. Pelos meus cálculos, e de acordo com a
régua do Google Earth, percorreria uma distância de 30 quilômetros ida e volta,
o que não me exigiria levar nada, a não ser a câmera para
registros, uma vez que já caminhei o dobro desta distância sem necessidade de
levar algum equipamento, alimentação ou água. A manhã começou nublada e o chão
molhado com chuvas caídas durante a madrugada, mas no decorrer da manhã o céu
abriu e o Sol mostrou todo seu esplendor, apesar de algumas nuvens reduzirem
seu brilho de vez em quando.
A caminhada foi tranquila e os pontos encontrados na estrada
estavam de acordo com os do Google Earth. Primeiro o caminho até o balneário
(ver post sobre ele aqui), depois duas edificações bem na frente e, na
sequência, uma barreira de Eucaliptos, que era meu indicador para virar à direita
em direção à mata ciliar (ver esquema abaixo). Ao final desta estrada já dava
para ver a barragem ao longe e o local onde deveria entrar para encontrá-la, a
partir de uma outra estrada que margeava a mata. Neste ponto o Google deixava
de ajudar e a responsabilidade de encontrar o caminho passava a ser minha. O
problema é que a mata estava muito fechada e, se tinha alguma trilha antes, o
tempo e as chuvas recentes fizeram o trabalho de eliminá-la. Se aparecia algum
caminho no início indicando uma trilha, no decorrer da caminhada o mato se
adensava e cobrava um alto preço em termos de ferimentos por folhas cortantes e
espinhos, além de abelhas, mutucas, aranhas, formigas e mosquitos. Durante
estas tentativas de encontrar o caminho, primeiro para a barragem, e depois
para a nascente, tive que me arrastar por entre galhos espinhosos e mata
fechada, perdendo totalmente o sentido de direção. Era preciso buscar sinais memorizados
como árvores altas, galhos quebrados ou ramos deixados pelo caminho. Muitas
vezes, enquanto era mordido por formigas, tentava encontrar uma saída para a
armadilha da natureza. Nestes momentos valeu a experiência em caminhadas em
matas e a paciência, pois o desespero ali seria a condenação à morte.
Essas tentativas frustradas de encontrar caminho dentro da
mata me fizeram gastar umas duas horas extras e muito sacrifício, mas não me
fizeram desistir do meu objetivo. No entanto, a tentativa de encontrar a
estrada que dá acesso à barragem pelo outro lado foi frustrante, pois cheguei
muito perto dela (sem saber). Como o Sol já estava alto tive que desistir
devido a compromisso na escola com alguns alunos.
Apesar do sufoco valeu a pena. Poder beber da água
cristalina da nascente do rio e tomar um banho com a água fria e reconfortante acompanhado
do som da natureza viva ao redor foi realmente incrível, sem contar que não
encontrei nenhum sinal da poluição humana como garrafas pet, sacolas plásticas
ou embalagens de produtos alimentícios. Ufa!!
Mas o sacrifício não tinha terminado ainda. Agora o retorno
pela mata me esperava para novo teste, agora já restabelecido e, portanto, mais
preparado para não brigar com a natureza e sim escutá-la. A volta pela trilha
foi mais fácil, porém o corpo tinha um desafio ainda maior, que era a volta
pela estrada sob o Sol alto, com o corpo cheio de cortes, principalmente as
pernas, e os pés com calos provocados pela sandália durante as caminhadas no
mato – lá não dava para arriscar andar descalço. O costume de andar descalço
pelas trilhas do surf me possibilitou tirar de letra a caminhada de volta pela
estrada de barro e piçarra. Ao passar pelo balneário dei uma parada para tomar
um banho rápido, notando a diferença gritante da qualidade da água em relação à
nascente, e segui viagem para Pedro Velho.
A caminhada nesta aventura, que estava planejada para ser de
30 quilômetros, foi na verdade de algo próximo dos 50 quilômetros (veja roteiro da caminhada no álbum), sendo a
quilometragem extra devido aos fracassos de encontrar a trilha certa e a
tentativa de encontrar o acesso à barragem pelo outro lado. A hora de chegada
em casa foi perto das treze horas totalizando quase oito horas de caminhada. O
mais importante dessa aventura - ou loucura, é que pelo menos as nascentes
estão ainda protegidas do acesso humano pela própria natureza - e que continuem
assim, embora a preocupação pela preservação da qualidade da água do rio deva
ser em toda a sua extensão.
Agora fiquem com as fotos retiradas nesta aventura e, para
entrar no clima, com a gravação do som da natureza no local, com as cigarras fazendo dueto com a água na nascente.
Bom dia e preciso uma fiscalização muito grande no Rio piquiri logo após o balneário o desmatamento e enorme inclusive estão enterrando um açude com lixo de rua e nenhum órgão toma nenhuma providência. Até onde vai este desmatamento inclusive com ajuda de tratores da prefeitura.
ResponderExcluirTem que proteger, plantar matas nas áreas degradadas, que proteger a natureza é produzir água, Porquê a população aumenta e as águas não, por isso que cada ano que passa falta mais águas nas cidades.
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