Comparando as fotos abaixo de Ponta Negra do ano de 1957 com a mais recente, dá para se ver a degradação do Morro do Careca depois de anos de exploração descontrolada. Muitas vezes íamos descer o morro com tábuas preparadas, que hoje, mais modernas, chamamos de sandboard, e observávamos a degradação da vegetação. Algumas pessoas cortavam os galhos dos cajueiros para fazer coberturas e passar o dia no morro. E tome cachaça, galinha e farofa.
Muitas vezes nos acusavam de degradar o morro ou prejudicar o turismo, porque quando caíamos, a tábua podia despencar com uma velocidade elevada, o que poderia causar um acidente sério se houvesse o choque com uma pessoa. Já a degradação não havia, pois só podíamos dropar as dunas após as chuvas, portanto metade do ano as dunas estavam livres e se recuperando do pouco estrago que fazíamos. Quando o número de pessoas que subiam e desciam o morro aumentou assustadoramente, não houve mais tempo para a recuperação e o descanso merecido da natureza. O resultado está aí.
A praia foi urbanizada, pensando no homem, não na natureza. Agora temos o morro fechado para subidas, menos área de praia, devido a pista e calçada, além de prédios altos que não permitem o livre trânsito dos ventos e da areia. O resultado são má formação das ondas, fundo irregular da praia devido aos bancos de areia formados , além do quase extermínio de algo que era comum para quem caminhava pela praia ainda não tomada pelo bicho homem: o siri ou maria farinha (Ocypode quadrata). A foto abaixo mostra um par deles, para quem encontrar um, lembre-se, pode estar vendo um dos últimos sobreviventes.
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