.: AVENTURA SUL - ZUMBI E RIO DO FOGO

Na aventura anterior ( aqui ) quando saindo de Touros cheguei até Rio do Fogo, passando por Carnaubinha e Perobas, o trecho entre Perobas e Rio do Fogo foi realizado de moto, agora, a partir de Zumbi, cheguei até Perobas pela praia.

Esta aventura é recente e fui com uma câmera fotográfica para registrar algumas imagens da caminhada. Aproveitei o feriado do ano novo ( 2013 ) e mais alguns dias para realizar as caminhadas, para isso aluguei uma pequena casa em Zumbi sem muitos atrativos. Sua localização não era privilegiada, sendo distante da praia e próximo do parque eólico, além de no seu interior ter apenas uma mesa, cadeiras, um armário, duas camas de alvenaria com colchão e na sala um banco também de alvenaria. A pia do banheiro não tinha água, o que obrigava a usar a pia da cozinha para fazer as escovações e barbas diárias além de lavar o caneco utilizado para minhas refeições. O sanitário ( ufa! ) funcionou a contento. O quintal da casa tinha muito lixo deixado pelo morador anterior. Segundo a dona da casa a localidade estava sem coleta de lixo, pois a administração municipal estava mudando e a coleta foi interrompida. Final de ano com muitos moradores comemorando e produzindo lixo, as ruas ficaram de fazer vergonha, alguns simplesmente jogavam os sacos na rua que os animais ( cavalos, cães e gatos ) rasgavam e espalhavam ajudados pelos ventos da região, outros queimavam à noite e a fumaça entrava pelas janelas asfixiando este pobre morador cujo lixo produzido durante dez dias não encheu uma sacola plástica pequena, hehehe. Ao constatar o lixo no quintal fui fazer a limpeza e jogar um pouco de terra para cobri-lo, avisando a dona da casa para recolhê-lo quando a coleta tivesse normalizada, depois tomar um banho caçando os pingos d’água do chuveiro e relaxar na minha rede programando as caminhadas.

O primeiro passo foi conhecer as dunas de Zumbi, indo na direção de Pititinga, atravessando o rio Punaú que deságua na praia. Este rio, no trecho final, corre paralelo à praia e já apresenta sinais graves de poluição ( álbum com imagens do rio abaixo ). Pude observar muito lixo nas margens e também latas de tinta e solvente sendo jogados pelos responsáveis pela pintura dos lagosteiros que lá fazem sua manutenção. Sua saída para o mar está sendo aterrada pelo movimento constante de carros de tração, bugres, quadriciclos, motos e pessoas, forçando o rio a se espraiar. Não existe responsabilidade nenhuma das autoridades públicas com relação à educação ambiental e coleta de lixo na área. O rio já está doente, será que a população de Zumbi irá deixá-lo morrer?

Nesta região pude encontrar duas dunas bem verticais possibilitando drops bem velozes e rasgadões jogando muita areia. Isso tudo de frente a uma área bem verde serpenteando o rio, em um local distante de sua área crítica próximo à praia. Numa das dunas o final do drop era próximo ao rio raso e manso, um paraíso como mostra as fotos no álbum abaixo sobre Zumbi. Na virada do ano, apesar de ter tido queima de fogos na praia de Zumbi, preferi passar o ano nestas dunas dropando em companhia da Lua ainda cheia, o planeta Júpiter e as constelações bem visíveis neste céu sem poluição luminosa. Na virada, sentado na duna, pude observar a queima de fogos de Zumbi, Pititinga, Rio do Fogo e de mais algumas localidades ao redor que não consegui identificar. Ao final da queima fui dropar a duna que dava direto no rio e aproveitar para tomar o primeiro banho do ano, mas ao chegar lá já haviam algumas pessoas no local, provavelmente provenientes de uma pousada localizada nas proximidades. Sai de fininho em busca de outro local anterior a este ponto, sem duna, mas com as águas mansas do rio cantando uma canção bem revigorante. Uma pena que a sereia não teve coragem de aparecer neste momento idílico, hehehe.

Tendo explorado as dunas de Zumbi, o próximo passo era a caminhada para Rio do Fogo. Ela foi iniciada após as dez horas da manhã e no feriado do ano novo, quando a maré estava já secando. As praias de águas calmas, pelo menos na maré seca, era um paraíso para um banho tranquilo. Na maré cheia, o trecho de falésias já próximo de Rio de Fogo, pode ser feito a partir de um caminho por cima, o perigo são os veículos de tração ou bugres conduzidos por irresponsáveis, alguns até embriagados. Esta região é pobre de dunas. Uma área que era excelente foi destruída para poder receber o parque eólico de Rio do Fogo. Esta área é próxima de Zumbi e de onde me escondi neste final de ano. Pude verificar o barulho das pás dos geradores, realmente existe, agora se prejudica ou não cabe aos entendidos no assunto comprovar ( álbum com imagens do parque eólico abaixo ). Pensei em entrar na área e explorar algumas dunas, mas alguns moradores me informaram que a área possui seguranças armados impedindo a entrada de estranhos. Preferi não arriscar. Contudo, entre Rio do Fogo e Perobas existe uma área dunar em formação, inclusive com algumas dunas possibilitando drops, mas estava toda cercada impedindo a entrada. Logo esta cerca deverá ser engolida pela areia e a natureza mostrará quem manda, então, quem sabe?, voltarei para dar os primeiros drops nas dunas formadas.

Tanto Perobas como Rio do Fogo estavam diferentes da outra vez que estive por lá. Muitas casas de veraneio nas praias e bastante gente aproveitando o feriado. Será que se prepararam para receber esse aumento de moradias e população? Infelizmente acho que não. Que o diga Zumbi com lixo e esgoto pelas ruas. Entre Perobas e Rio do Fogo também deparei com lixo descartado entre as dunas com a areia já cobrindo. E isso não é nada comparado com as garrafas pet, embalagens plásticas e latas de refrigerante e cerveja jogadas na beira das praias. Ainda dizem que o Brasil é o país do futuro. Para mim continua sendo uma piada.

Voltando a caminhada, o trecho mais legal foi o da primeira das três falésias que existem entre Zumbi e Rio do Fogo, onde pude encontrar uma pequena caverna sendo escavada pelas ondas e uma Castanhola que sobrevive à duras penas entre a falésia e a praia. Nas três falésias existem buracos no paredão, possivelmente escavados e habitados por morcegos. Confiram as imagens no álbum abaixo sobre Rio do Fogo.

A volta de Perobas até Zumbi foi tranquila, embora sempre atento ao grande fluxo de veículos pela orla, afinal ali não existe a lei seca... Aliás, lei nenhuma, pois até criança anda dirigindo carro e moto e sabe-se lá se também não está ingerindo álcool. No total foram seis horas de caminhada e cerca de trinta quilômetros percorridos, contabilizando ida, volta e explorações nas dunas e vegetações litorâneas, com paradas para os registros fotográficos e um banho já em Zumbi ( imagem do percurso abaixo ). A caminhada foi debaixo de um sol inclemente, sem água e sem um cajuzinho sequer para hidratar o corpo, tão comuns em outras praias. Procurei bastante nos morros próximos, mas os poucos cajueiros que encontrei não tinham nada, nem tão pouco guajirus ( fruta comum em beira de praia ), mas nem o corpo nem o espírito aventureiros reclamaram não hehehe. Agora o destino é Pititinga e as suas dunas, que serão assunto do próximo post.