Esta aventura teve início no dia quatro do corrente ano novo
– 2013. Como foi a aventura para Pititinga, esta também teve que ser programada
de acordo com o movimento de enchente e vazante da maré no rio Punaú. Minha passagem
pelo rio na saída foi após as onze horas quando a maré estava secando e o
retorno depois das dezesseis na maré já enchendo. O objetivo era verificar o
potencial de dunas na região, pois já havia ido de moto há alguns anos e
tinha passado por algumas dunas numa praia ainda deserta apesar de haver já o
Manoa Park – não tão conhecido ainda – e o grande responsável pelo
“desenvolvimento” do mergulho nos parrachos. Levava apenas a máquina
fotográfica enrolada numa camisa e os pés devidamente descansados para a longa
caminhada de mais de trinta quilômetros ( ida e volta ). O percurso está na imagem retirada do Google Earth abaixo.
A chegada em Pititinga foi tranquila e o local já bem
exposto por fotos e textos na Aventura Sul anterior. Contudo tive um encontro
agradável no extremo posterior, indo para Maracajaú, com um potrinho de poucos
dias de nascido ao lado de sua mãe. As imagens do encontro estão no álbum
abaixo. Após esta extremidade, tinha uma grande área de praia até chegar ao
inicio da praia de Maracajaú. Nenhuma construção habitada, apenas um esqueleto
de um prédio que deveria ser um hotel ou pousada, não sei, cuja construção foi
interrompida. Teria sido por falta de dinheiro ou por estar em área proibida? A
Secretaria de Patrimônio da União andou derrubando casas e restaurantes pelo
litoral do estado por estarem em área indevida. Não sei se foi este o caso.
Outras edificações a própria maré tratou de cobrar o que lhe é devido. Foi o
caso de alguns bares e moradias observadas durante as caminhadas por Pititinga
e Maracajaú.
A decepção foi grande quando comecei a caminhar pela praia
de Maracajaú. Pousadas e restaurantes dominavam o litoral. Algumas construções
desmoronadas outras abandonadas sem a devida conclusão, mas o pior ainda estava
por vir. A enseada da praia estava tomada de barcos que carregavam os turistas para
os parrachos assinalados pelo farol. O cheiro do ambiente era puro óleo, a água
do mar era grossa e oleosa... morta. Quando me recordo da outra vez que tive
por lá com a natureza viva e radiante e comparo com a situação atual, dá um
desgosto grande, principalmente quando chamam isso de desenvolvimento. E esta
situação vai piorar, pois as pousadas e restaurantes compram ou contratam mais
barcos e com capacidade de levar mais gente, produzindo lixo e contaminando a
água dos recifes com este óleo que sai dos escapes ou simplesmente vaza dos
motores. Já mataram a natureza da praia agora vão matar a natureza dos recifes.
Ao caminhar pela praia, passando pela atmosfera poluída,
apressei os passos tentando chegar ao extremo oposto da praia rapidamente. Só lá pude tirar fotos nas duas direções: Maracajaú e Maxaranguape. Também pude
observar algumas dunas no interior, mas não pude chegar até elas devido a hora
avançada e o risco de não poder atravessar o rio Punaú. Ficarão para outra
oportunidade.
O retorno foi rápido e melancólico, principalmente quando
cruzava com veículos de tração, bugres, quadriciclos e motos. Imagino
sobre aquelas rodas marias farinhas ( Ocypode
spp ), tatuis ( Emerita brasilienses
), bolachas de praia ( Encope emarginata
) entre outros seres habitantes da faixa litorânea, além de ovos
de tartaruga verde ( Chelonia mydas
) – mais comum neste litoral – sendo esmagados por essas monstruosidades
conduzidas por ignorantes que não deveriam estar nas praias.
Depois de Pititinga, como um afago da natureza, tive a
companhia de duas aves marinhas muito comuns no nosso litoral. Os locais chamam
de andorinhas do mar ou trinta réis. Andei pesquisando a respeito, mas não
consegui identificar a espécie que voa baixo e caminha ligeirinho em busca de
alimento no sobe e desce das ondas. Normalmente ao aproximarmos, elas voam e
passam para a nossa retaguarda. Essas me acompanharam da saída de Pititinga até
próximo ao rio Punaú. Algumas vezes chegavam a ficar ao meu lado bicando o
alimento descoberto pelas ondas. Pensei em tirar uma foto, mas entre ter a
companhia delas e arriscar ter apenas uma foto, preferi ficar com a companhia
reconfortante depois da decepção da caminhada. Parece até que elas estavam
puxando meu ritmo para não chegar atrasado à passagem do rio.
Quando cruzei o rio após as dezesseis horas, passei um bom
tempo na praia tomando um banho reconfortante e tentando limpar da pele e dos
pulmões o resíduo de óleo. Agora é relaxar mais um dia descansando da caminhada
e preparar o retorno para Natal.
A aventura continua no sentido sul, agora para Maxaranguape,
mas isso fica para um próximo post.
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