domingo, dezembro 23, 2012

AVENTURA NO AR - PARAQUEDAS

Já escrevi aqui no blog sobre aventuras no mar e na terra, mas esta será no ar. Ela aconteceu no final da década de setenta quando me escondia em São Paulo ( e ainda não acreditam que sou velho, hehe ). Lá  gostava de viajar com alguns amigos pelo interior do estado, na época não tão perigoso como hoje, conhecendo praias badaladas como Ubatuba, Caraguatatuba, Praia Vermelha, entre outras e, nestas andanças pelo estado, tive umas aulas de paraquedismo como preparação para o salto. As aulas foram bem puxadas e pesadas, exigindo bastante dos alunos. Além de passarmos o dia com uma mochila pesada nas costas, correndo e saltando de rampas para treinar a queda, tinha também um balanço nada agradável para os acomodados. Éramos alçados por uma corda até uma altura de três metros, balançados no ar e, sem aviso nenhum, jogados no chão sem piedade. Se não soubéssemos cair do jeito certo que era com os joelhos encolhidos, cotovelos apoiados no corpo e a cabeça inclinada e também apoiada no peito, rolando ao final, a desgraça podia ser grande. Uns pediram arrego e desistiram, outros tiveram pernas ou braços quebrados, fora os machucados "normais". Alguns, e eu posso dizer que estou entre esses, aprenderam muito bem a técnica, que tem me ajudado muito nas quedas de moto e até das vacas que tomo no surf. Durante o treinamento muitos questionavam a necessidade do rigor do treinamento, mas foi durante os saltos - no meu caso dois - que entendemos a importância deste treinamento.
Os saltos foram enganchados, ou seja o paraquedas era aberto quando a fita que prendia nosso paraquedas principal ao avião esticava, dando um tranco grande no corpo. Se houvesse problema na abertura do principal, tínhamos que disparar o reserva. Em um dos meus saltos cai sobre o velame de outro colega que estava ainda se armando como o meu. Foi um susto grande. Instintivamente tentei rolar e, ajudado pela armação completa dos dois paraquedas, consegui sair de cima e me afastei, usando a técnica de puxar o tirante, aprendido durante o treinamento.
A partir do paraquedas normalizado, pude relaxar e curtir uma paz de espírito ímpar. Tantas vezes olhava para o céu e vendo os pássaros voando e planando, me perguntava qual seria a sensação? Naquele momento tive a resposta. E antes que alguém pergunte, não é a mesma coisa que voar de avião. Com o paraquedas estávamos como os pássaros com suas asas, sentindo o ar  em movimento e as pessoas e prédios minúsculos lá embaixo. 
O tempo de salto era curto, pois fomos largados do avião de uma altura acima dos 1000 pés ( cerca de 400 metros ), mas foi como se o tempo passasse em câmera lenta. Enquanto estamos no alto, tudo é fantástico, porém o chão vai se aproximando e o vento nos espalha como poeira. Alguns colegas se afastaram muito da área de pouso. Uns ficaram enganchados em árvores, outros caíram em matas espinhosas. Nos meus dois saltos pude usar os tirantes para dirigir o paraquedas para próximo do alvo e, já no primeiro salto, entendi a importância do treino da queda quando o chão se aproxima rapidamente. É como se o tempo, contrariamente ao início do salto, no final, se acelerasse, pegando os menos atentos na queda. 
Abaixo tem duas fotos tiradas de um dos meus saltos. Hoje os paraquedas são bem mais modernos e bem mais manobráveis. 


Joelhos encolhidos, cotovelos e cabeça junto
do corpo, pronto para o rolamento.

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