Continuando a aventura pelo litoral norte, agora vem Macau, mas antes cabe alguns comentários sobre a cidade de Porto do Mangue, fim da aventura passada. Para esta cidade fui de moto, minha velha parceira de 11 anos ( ver imagem abaixo ), saindo antes das seis horas de Natal, pegando a BR 406 e, antes de chegar a Macau, peguei a RN 118 passando por Pendências e Carnaubais, daí, através da RN 404, cheguei em Porto do Mangue por volta das doze horas. Na época, final de 2008, uma pequena cidade limpa e atraente, que nasceu à margem do rio das conchas. Este rio na maré seca fica praticamente seco e é utilizado pelos moradores para caminhadas, partidas de futebol e explorações pelas dunas na margem oposta a do cais e, também, pelo pouco que restou de área de mangue da região, dizimados pela industria do sal e camarão. Fui de moto pela estrada que margeia o rio até seu final e de lá caminhei até observar o ponto final da caminhada anterior quando sai de Ponta do Mel. Hoje imagino como irá ficar aquele local de muita paz e tranquilidade, com a construção de um porto para transportar o minério de ferro vindo de trem da região próximo a barragem Armando Ribeiro Gonçalves. Já foi triste ver a destruição de mangues pelas salinas e fazendas de camarão e agora com o porto?, mas é o desenvolvimento acima de tudo, fazer o quê? Cabe aos próprios moradores decidirem sobre se vale a pena ou não este desenvolvimento e riqueza gerados. Clique aqui para saber mais sobre este porto.
Após a exploração da foz do rio das conchas e tomar uma água mineral em um dos bares presentes na rua do cais, resolvi pegar a estrada com destino a Macau após observar a diferença do nível da água no rio entre as marés seca e cheia. Não creio que a cidade tenha potencial para ondas, mas para o sandboard sim, tanto na margem esquerda como na direita, embora este potencial não seja comparável com o das dunas do Rosado, bem próximo agora com a estrada asfaltada ligando Porto do Mangue à Ponta do Mel. Com esta estrada a caminhada sossegada e solitária dos tempos passados acabou-se e, segundo o plano do governo, esta estrada, deverá continuar de Porto do Mangue até Touros, como RN 221, passando por todo litoral norte, finalizando no início da BR 101. Confiram no mapa abaixo o roteiro desta "grande" obra rodoviária que levará desenvolvimento para a indústria do sal, do camarão, dos ventos e do turismo. Agora, sem manutenção, esta estrada pode se tornar um grande problema, pois a areia jogada pelos ventos cobrem o asfalto e as chuvas acabam com a estrada feita sobre área de dunas, como já ocorre no trecho entre Ponta do Mel e Porto do Mangue. A natureza não costuma deixar nada de graça.
Voltando pelo mesmo caminho, passei por Carnaubais , Pendências chegando até o entroncamento com a BR 406 e daí me dirigi para Macau. Lá a busca é por ondas na praia de Camapum, mas o que vi foi uma praia urbanizada, usando área da praia, e muitas pedras colocadas para evitar a fúria do mar através da erosão ( Quanto tempo acham que vão vencer o mar? ). Onda talvez até tenha, mas não quando fui. Resolvi caminhar um pouco indo para o lado de Diogo Lopes, mas não fui muito longe. Diogo Lopes é um distrito de Macau que tem áreas de dunas e hoje já é ligada a Macau por estrada asfaltada. A visão de salinas, fazendas de camarão e canos e cavalos mecânicos ( bombas ) para extrair petróleo desde Porto do Mangue até Macau me deixaram meio desanimados, então não demorei muito por lá, resolvi pegar a estrada já de noite voltando para Natal. Na viagem fui lembrando dos problemas ligados a desertificação provocado pelas salinas e a grande nuvem de poeira que cobria Mossoró na época de ventos fortes, vindo justamente destas áreas degradadas, era uma tristeza só. Agora os problemas aumentam, pois além das salinas, fazendas de camarão e extração de petróleo, temos as usinas eólicas degradando as dunas ( clique aqui para saber mais ). Em Diogo Lopes, onde já existe uma usina, os problemas são motivos de discussão, segundo relatos de moradores. Os mais observados são: compactação e descaracterização das dunas a partir da construção de estradas no local; restrição de áreas aos moradores antes livres; interferência na pesca artesanal e na saúde da população próxima da usina pelo som audível e não audível produzido pelos aerogeradores e, por fim, o choque das pás com aves e morcegos. Embora não esteja entre os problemas mais comuns relacionados às usinas eólicas, é possível ocorrer também interferência em sinais de TV segundo artigos técnicos sobre o assunto. No estado do Ceará já houve problemas entre população e usinas eólicas e aqui no RN a bola da vez é o município de Galinhos ( clique aqui para saber mais ), onde os habitantes estão lutando contra a instalação de aerogeradores nas dunas bastante exploradas pelo turismo local, inclusive com passeios de buggy. Uma coisa é certa, todo desenvolvimento produzido pelo homem e para o homem, agride irremediavelmente a natureza.
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