quinta-feira, julho 10, 2014

AVENTURA LESTE - GENIPABU E REDINHA

Na última aventura postada o encerramento tinha sido em Pitangui. Nesta, continuaremos até a praia da Redinha. O ponto de apoio foi a praia de Genipabu para onde fui no ano de 1985, durante as férias de janeiro, com familiares. Ficamos em uma casa alugada próxima da praia, mas não de frente. Na época não havia essa invasão imobiliária e turística, as dunas ainda eram pouco exploradas inclusive pelos bugres, que percorriam mais o litoral.
Para lá levei o windsurf (prancha à vela) da marca Triton. Foram boas velejadas no mar tranquilo e de ondas pequenas. Voltei outras vezes para surfar com colegas, mas o mar apresentava apenas merrecas, não valendo a pena o surf. Já as velejadas sim, tanto que para lá fui nos anos seguintes velejando de Laser (pequeno barco à vela) saindo do Iate Club no rio Potengi. Na época, entre os anos de 1985 e 1988, não havia a ponte Newton Navarro e a velejada passava por uma passagem entre as pedras do lado da praia da Redinha, o que reduzia o tempo de viagem.
As primeiras caminhadas foram para explorar as dunas desertas e sem cercas, bugres e turistas. Estes se localizavam mais na orla da praia ou descendo as dunas na beira da praia. Nestas caminhadas, que se iniciavam com a subida da duna na beira da praia, encontrei a lagoa de Genipabu, na época um paraíso com sua natureza ainda intocada. Hoje, tanto as dunas como a lagoa estão tomadas pelo turismo, construções e suas nefastas consequências. Cercas delimitam o acesso (apareceu dono para a área), animais exóticos (dromedários) perambulam com turistas e os bugres e carros 4x4 também. Na época em que andei por lá, explorei cada duna e área com vegetação. Algumas dessas áreas, que de cima pareciam ter apenas vegetação rasteira, quando exploradas por dentro, se transformavam num mundo à parte, algumas com mais de 5 metros de profundidade e tendo a fauna e flora cheios de um vigor inexplicável, levando-se em conta que sofriam pressão de todos os lados por toneladas de areia. A sensação que tinha, quando entrava numa região dessa, era de que observava uma luta pela sobrevivência, luta essa já perdida para o poderoso movimento das dunas que engoliam tudo no seu caminho. No entanto, a vegetação cumpria seu papel, como se dissessem não importar se amanhã estarão enterradas, mas hoje continuarão a viver e, se a duna impedir de ver o Sol e sentir o vento, então crescerão mais um pouco. Infelizmente a velocidade de crescimento perde feio para a de aterramento. Hoje, muitos desses mundos subterrâneos explorados durante minhas caminhadas se encontram sob toneladas de areia. É possível que eu tenha testemunhado os últimos momentos de vida desses locais e provado os últimos cajus que apareciam em alguns deles. Todas as caminhadas realizadas por volta das 15 horas tinham o retorno por volta das 19 horas e, muitas vezes, quando já escuro, sentava no alto de uma duna e observava as estrelas e o luar mágico, sempre acompanhado dos sons da natureza.
Um dos problemas tanto na casa como nas dunas ao entardecer, eram os mosquitos, extremamente sedentos por sangue. Nas caminhadas usava um talo recolhido no mato, que ao ser agitado os afastava. Este artifício era eficaz inclusive para evitar as terríveis picadas das mutucas (mosca da família Tabanidae) bastante comuns por lá na época. Claro que tinham alguns mais persistentes e arredios, mas esses terminavam sua investida eliminadas por uma tapa certeira, hehehe.
Depois de explorar as dunas de Genipabu e Santa Rita, fui explorar as praias para o lado de Pitangui. O litoral era tranquilo, praticamente sem tráfego de bugres ou 4x4 muito comuns hoje. Atravessava o rio Ceará Mirim na maré baixa e, após uma caminhada por um litoral sem dunas, de mar calmo e com ondas pequenas, chegava em Pitangui. Foram várias caminhadas para este lado, passando pelo rio e observando a balsa carregando um ou outro carro. Hoje tem uma estrada de asfalto que acompanha o litoral, possibilitando tráfego intenso tanto pela estrada como pela beira da praia. Da casa até a ponta de Pitangui eram 7 quilômetros de caminhada e, após atravessar o rio, tudo deserto. Hoje está tudo tomado por construções, cercas e placas de propriedade particular. Começo a me sentir como aqueles restos de matas condenadas a serem enterradas pelas dunas.
Para o outro lado, no sentido da praia da Redinha, também foram várias caminhadas chegando até o rio Potengi. Na época só haviam construções na praia da Redinha, muito popular como praia de veranistas e da famosa ginga com tapioca. De lá, até a ponta de Genipabu, nada de construções, embora o tráfego de bugres fosse mais intenso pela proximidade e fama das duas praias. Hoje existem construções até sobre as dunas e uma ponte imponente atravessa o rio Potengi. Pude observar durante estas caminhadas as boas ondas para surfar, mas só pude cair uma vez já no ano de 1990. Apesar de uma forte correnteza, a caída valeu muito a pena pela força das ondas e possibilidade de manobras.
Com relação ao sandboard, apesar das dunas fantásticas entre as praias de Genipabu e Redinha, na época não tinha a prancha de areia e hoje, até para entrar caminhando, é muito difícil.
O álbum abaixo mostra algumas imagens da praia de Genipabu obtidas durante uma visita em janeiro de 2014, imagens da ponte Newton Navarro sobre o rio Potengi e de uma velejada de Laser, acompanhado de um parceiro, indo para a praia da Redinha, já a imagem obtida do Google Earth, mostra os locais citados no texto.

Clique para ampliar.

GENIPABU

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