segunda-feira, janeiro 07, 2013

AVENTURA SUL - ZUMBI E PITITINGA

Esta aventura foi realizada no segundo dia do atual ano ( 2013 ) e após a aventura anterior para Rio do Fogo. Tive que acertar o horário de partida e chegada com o horário do rio Punaú, pois não conseguiria atravessá-lo na maré cheia com a prancha de sandboard. Quando passei pelo rio ainda secando eram mais de dez horas e quando retornei próximo das dezesseis.
A caminhada é tranquila até chegar em Pititinga. Lá a praia é inclinada e força bastante as articulações dos joelhos e pés. Para quem já vinha de uma caminhada no dia anterior de Perobas, não foi fácil, mas o trecho de praia não era muito longo e deu para tirar de letra. No início da praia tem o encontro do rio Pititinga ( ? ) com a praia. Infelizmente o canal estava obstruído, impossibilitando o deságue do rio no mar. Como consequência as águas do rio se espraiam e invadem áreas indevidas. Pude observar alguns moradores tentando cavar com pás um canal ( imagem no álbum abaixo ), mas o trabalho era muito difícil e, quando do meu retorno, tinham desistido ou dado um intervalo, não sei. Como o rio Punaú, esta boca de rio também é muito frequentada por veículos de tração pesados, bugres, quadriciclos e motos além de muitas pessoas, que aterram o canal e terminam obstruindo a saída do rio. Mais uma vez a falta de educação ambiental e responsabilidade das autoridades públicas estão destruindo um cartão postal da praia.
Na ponta final da praia, no sentido de Maracajaú ( imagem no álbum abaixo ), o visual é muito bonito e tem um grande potencial para produzir boas direitas numa maré cheia com swell e ventos bons. Na maré seca pude observar apenas merrecas, mas que ainda assim dá para fazer uma brincadeira melhor do que em Ponta Negra nesta fase ruim. Meu objetivo, no entanto, não eram ondas e sim dunas, assim pude observar algumas de frente à praia com bons drops, mas sabia que no interior tinha muito mais e de maiores alturas. Foi em busca delas que peguei uma estrada de piçarra após as dunas da praia.
A caminhada sem camisa nem boné, descalço, sem água e com a minha prancha com capa tendo no seu interior a máquina fotográfica se iniciou próximo das doze horas. A temperatura extremamente elevada do ar e do solo já alertava para os riscos de se continuar na empreitada, mas o aventureiro já era tarimbado nestes ambientes e não se deixou abater. Quando pegava trechos com areia fervente, bastava aliviar os pés sobre os garranchos com ou sem espinhos, as solas dos pés já faziam a troca de calor se aliviando para o que viria a seguir. Para compensar o sacrifício, alguns cajueiros apareciam na estrada fornecendo seus frutos ricos em liquido doce e refrescante, apesar do Sol das doze horas, hehehe. No final da estrada de uns dois  quilômetros extremamente penosa devido à temperatura do solo e ao pedregulho, aparecia então o paraíso com as dunas de paredes muito ou pouco inclinadas e algumas com altura bem próxima da do Morro do Careca em Ponta Negra. Um paraíso e ao mesmo tempo um inferno, pois embora a temperatura da areia fosse suportável para mim, ao subir e descer dunas nestas horas de temperatura elevada, o corpo perdia líquido, mesmo sem suar, como era meu caso. O vento associado à temperatura vaporizava meu suor e o carregava, forçando o organismo a produzir mais suor. Acredito que o ritmo de movimentação e o costume de frequentar esses ambientes tenha me dotado de algum tipo de adaptação ao meio impedindo um desequilíbrio hídrico, será?, o certo é que apenas uma ou outra gota se formava acima dos lábios. Mas eu estava curtindo este paraíso. Procurava aproveitar ao máximo de várias dunas, pois a curtição na área deveria ser reduzida para poder chegar no tempo certo de atravessar o rio Punaú. Sempre entre uma duna ou outra, havia uma sombra de um cajueiro ou outra árvore natural de área dunar, o que possibilitava registrar as imagens e hidratar o corpo com cajus ricos em suco, alguns bem doces outros bem azedos, um maná dos céus, hehe. Gostaria de ter registrado mais imagens das dunas, mas a máquina teve problema com a areia jogada pelo vento e chegou a travar impossibilitando algumas fotos.
Apesar do paraíso, numa das dunas pude verificar lixo já parcialmente coberto pela areia jogada pelo vento. Quem seria o responsável? As pousadas e resorts próximos da área ou as comunidades praieiras? Difícil descobrir agora. Para piorar, os carros de tração, bugres, quadriciclos e motos já invadiram o local e destroem o ambiente, sejam descartando lixo ou arruinando as dunas com suas trilhas e seus cavalos de pau.
Jamais levaria alguém comigo para aventuras como esta de risco elevado, pois além do rigor das condições locais tem o perigo de ser atropelado por um veículo desse dirigido por um irresponsável ou simplesmente ser tragado pela areia. Na aventura de Baixa Grande ( aqui ) quase fui tragado por areia movediça. Em áreas de formação dunar como a de Pititinga, as dunas estão sempre se movendo, cobrindo áreas com plantas, o que pode formar espaços vazios cobertos de areia. Ao se pisar nestes locais o peso pode ser suficiente para forçar um movimento para baixo de areia, tragando o que está acima. Situação nada agradável hehehe.
Olhando para o Sol, pude ver que era chegada a hora de partir. Estava feliz pelos momentos passados naquele “paraíso” de setenta graus, embora não satisfeito. Mas a hora de voltar tinha chegado e a razão deve sempre estar no comando das ações de um aventureiro, caso contrário as consequências podem ser trágicas. Acredito que gastei umas duas horas entre o caminhar na estrada de piçarra e a exploração das dunas. Banho só em Zumbi, apesar daquela ponta paradisíaca de Pititinga, avistada de cima das dunas, ser bem convidativa. O certo é que por volta das dezesseis horas estava cruzando o rio Punaú, já enchendo, com água acima da cintura.  Tudo de acordo com o planejado, agora era planejar a aventura para Maracajaú, mas isso fica para o próximo post.

Clique para ampliar.
Para ver o álbum de fotos da aventura clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário