Esta aventura foi realizada no segundo dia do atual ano ( 2013 ) e após a aventura anterior para Rio do Fogo. Tive que acertar o horário de partida e chegada com o horário do rio
Punaú, pois não conseguiria atravessá-lo na maré cheia com a prancha de
sandboard. Quando passei pelo rio ainda secando eram mais de dez horas e quando
retornei próximo das dezesseis.
A caminhada é tranquila até chegar em Pititinga. Lá a praia
é inclinada e força bastante as articulações dos joelhos e pés. Para quem já
vinha de uma caminhada no dia anterior de Perobas, não foi fácil, mas o trecho
de praia não era muito longo e deu para tirar de letra. No início da praia tem
o encontro do rio Pititinga ( ? ) com a praia. Infelizmente o canal estava obstruído,
impossibilitando o deságue do rio no mar. Como consequência as águas do rio se
espraiam e invadem áreas indevidas. Pude observar alguns moradores tentando
cavar com pás um canal ( imagem no álbum abaixo ), mas o trabalho era muito
difícil e, quando do meu retorno, tinham desistido ou dado um intervalo, não
sei. Como o rio Punaú, esta boca de rio também é muito frequentada por veículos
de tração pesados, bugres, quadriciclos e motos além de muitas pessoas, que
aterram o canal e terminam obstruindo a saída do rio. Mais uma vez a falta de
educação ambiental e responsabilidade das autoridades públicas estão destruindo
um cartão postal da praia.
Na ponta final da praia, no sentido de Maracajaú ( imagem no
álbum abaixo ), o visual é muito bonito e tem um grande potencial para produzir
boas direitas numa maré cheia com swell e ventos bons. Na maré seca pude
observar apenas merrecas, mas que ainda assim dá para fazer uma brincadeira
melhor do que em Ponta Negra nesta fase ruim. Meu objetivo, no entanto, não eram
ondas e sim dunas, assim pude observar algumas de frente à praia com bons
drops, mas sabia que no interior tinha muito mais e de maiores alturas. Foi em
busca delas que peguei uma estrada de piçarra após as dunas da praia.
A caminhada sem camisa nem boné, descalço, sem água e com a
minha prancha com capa tendo no seu interior a máquina fotográfica se iniciou
próximo das doze horas. A temperatura extremamente elevada do ar e do solo já
alertava para os riscos de se continuar na empreitada, mas o aventureiro já era
tarimbado nestes ambientes e não se deixou abater. Quando pegava trechos com
areia fervente, bastava aliviar os pés sobre os garranchos com ou sem espinhos,
as solas dos pés já faziam a troca de calor se aliviando para o que viria a
seguir. Para compensar o sacrifício, alguns cajueiros apareciam na estrada
fornecendo seus frutos ricos em liquido doce e refrescante, apesar do Sol das
doze horas, hehehe. No final da estrada de uns dois quilômetros
extremamente penosa devido à temperatura do solo e ao pedregulho, aparecia
então o paraíso com as dunas de paredes muito ou pouco inclinadas e algumas com
altura bem próxima da do Morro do Careca em Ponta Negra. Um paraíso e ao mesmo
tempo um inferno, pois embora a temperatura da areia fosse suportável para mim,
ao subir e descer dunas nestas horas de temperatura elevada, o corpo perdia
líquido, mesmo sem suar, como era meu caso. O vento associado à temperatura
vaporizava meu suor e o carregava, forçando o organismo a produzir mais suor.
Acredito que o ritmo de movimentação e o costume de frequentar esses ambientes
tenha me dotado de algum tipo de adaptação ao meio impedindo um desequilíbrio
hídrico, será?, o certo é que apenas uma ou outra gota se formava acima dos
lábios. Mas eu estava curtindo este paraíso. Procurava aproveitar ao máximo de
várias dunas, pois a curtição na área deveria ser reduzida para poder chegar no
tempo certo de atravessar o rio Punaú. Sempre entre uma duna ou outra, havia
uma sombra de um cajueiro ou outra árvore natural de área dunar, o que
possibilitava registrar as imagens e hidratar o corpo com cajus ricos em suco,
alguns bem doces outros bem azedos, um maná dos céus, hehe. Gostaria de ter
registrado mais imagens das dunas, mas a máquina teve problema com a areia
jogada pelo vento e chegou a travar impossibilitando algumas fotos.
Apesar do paraíso, numa das dunas pude verificar lixo já
parcialmente coberto pela areia jogada pelo vento. Quem seria o responsável? As
pousadas e resorts próximos da área ou as comunidades praieiras? Difícil descobrir
agora. Para piorar, os carros de tração, bugres, quadriciclos e motos já
invadiram o local e destroem o ambiente, sejam descartando lixo ou arruinando
as dunas com suas trilhas e seus cavalos de pau.
Jamais levaria alguém comigo para aventuras como esta de
risco elevado, pois além do rigor das condições locais tem o perigo de ser
atropelado por um veículo desse dirigido por um irresponsável ou simplesmente
ser tragado pela areia. Na aventura de Baixa Grande ( aqui ) quase fui tragado
por areia movediça. Em áreas de formação dunar como a de Pititinga, as dunas
estão sempre se movendo, cobrindo áreas com plantas, o que pode formar espaços
vazios cobertos de areia. Ao se pisar nestes locais o peso pode ser suficiente
para forçar um movimento para baixo de areia, tragando o que está acima.
Situação nada agradável hehehe.
Olhando para o Sol, pude ver que era chegada a hora de
partir. Estava feliz pelos momentos passados naquele “paraíso” de setenta
graus, embora não satisfeito. Mas a hora de voltar tinha chegado e a razão deve
sempre estar no comando das ações de um aventureiro, caso contrário as
consequências podem ser trágicas. Acredito que gastei umas duas horas entre o caminhar
na estrada de piçarra e a exploração das dunas. Banho só em Zumbi, apesar
daquela ponta paradisíaca de Pititinga, avistada de cima das dunas, ser bem
convidativa. O certo é que por volta das dezesseis horas estava cruzando o rio
Punaú, já enchendo, com água acima da cintura. Tudo de acordo com o planejado, agora era
planejar a aventura para Maracajaú, mas isso fica para o próximo post.
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