No post anterior sobre São Miguel do Gostoso, na direção leste, chegamos até a praia de Cajueiro. Agora a partir desta praia, continuo a aventura norte pela litoral até chegar em Touros.
Conheci a praia de Cajueiro muito antes de conhecer São Miguel do Gostoso. Sabia do potencial de ondas entre dezembro e março conversando com alguns parceiros de surf em Ponta Negra. Assim resolvi fazer uma trip meio louca. No dia 30 de dezembro peguei minha prancha, minha mochila contendo os itens essenciais para mim: uma rede de nylon, um walkmen (estávamos no início de 1990) com fitas do Black Sabbath e Bob Marley e duas porções de ração para a noite e manhã. O ônibus da empresa Cabral saia à tarde, chegando em Cajueiro por volta das 18 horas, portanto o objetivo era surfar do amanhecer até o meio-dia, retornando no mesmo ônibus por volta das 15 horas. O plano era arrumar uma varanda de alguma casa fechada para colocar minha rede e acordar ainda de madrugada para surfar. Quando cheguei na praia já escuro, procurei um barzinho para tomar uma água mineral e sondar a possibilidade de ter algum problema ao dormir em alguma varanda. Encontrei logo uma casa adequada, embora tivesse que conversar com o vigia para autorização. Ele se tornou um grande parceiro juntamente com outros que tive o prazer de conhecer por lá. Tudo resolvido, umas dez horas estava estirado na rede, olhando o céu estrelado, tentando imaginar o amanhecer com altas ondas. Nem precisa dizer que o sono foi irregular, com cochilos intermitentes escutando Black Sabbath. Ao amanhecer, já tudo arrumado, fui para o mar dar minha primeira caída em Cajueiro. A casa onde dormi ficava de frente à praia do lado oposto ao ancoradouro dos barcos pesqueiros, portanto não era o melhor pico para cair, mesmo assim peguei ondas fantásticas na maré cheia, em torno de 5 pés. Depois me dirigi para o porto, pois lá as ondas rolam mais na maré baixa - cheia fica batendo nas pedras ( veja imagem abaixo ). Deu para curtir bastante este dia de ondas e planejei o retorno com mais tempo para surfar e dropar as dunas também fantásticas de lá.
O retorno à Cajueiro foi no segundo semestre de 2000. Aluguei uma casa por seis meses, de julho a dezembro. Surf mesmo só em dezembro, os demais meses foi só de caminhadas e drops nas dunas, tanto de Cajueiro como de Lagoa do Sal. Não encontrei mais os coqueiros e uma palhoça que haviam na beira da praia, onde pretendia estender minha rede se não encontrasse uma varanda de casa disponível, quando fui a primeira vez. Me falaram que o mar tinha avançado muito e derrubado tanto os coqueiros como algumas casas próximas da arrebentação. A natureza não manda recado, que o diga nossa Ponta Negra de hoje.
A paixão foi tanta que no final de 2002 aluguei uma casa de frente para o porto, onde rola as melhores ondas, de janeiro até dezembro de 2003. Alguns parceiros diziam que minha paixão era uma namorada que conheci por lá, mas ciganos como eu só se apaixonam pela natureza, tanto que o relacionamento durou muito pouco. Ao finalizar o contrato desta casa aluguei uma outra um pouco afastada do porto e próximo do início da BR 101 (veja imagem abaixo), apenas para o mês de janeiro de 2004. Estas temporadas foram de muito surf e drops nas dunas, além de caminhadas pela praia até Touros passando pelo farol do Calcanhar e de alguns picos com ondas não constantes, incluindo aí também a praia de Lagoa do Sal. Na última casa alugada em Cajueiro, dava para ir às dunas passando pelo quintal da casa. Do alto era possível ver um pôr-do-sol e nascer da Lua cheia incríveis.
A paixão foi tanta que no final de 2002 aluguei uma casa de frente para o porto, onde rola as melhores ondas, de janeiro até dezembro de 2003. Alguns parceiros diziam que minha paixão era uma namorada que conheci por lá, mas ciganos como eu só se apaixonam pela natureza, tanto que o relacionamento durou muito pouco. Ao finalizar o contrato desta casa aluguei uma outra um pouco afastada do porto e próximo do início da BR 101 (veja imagem abaixo), apenas para o mês de janeiro de 2004. Estas temporadas foram de muito surf e drops nas dunas, além de caminhadas pela praia até Touros passando pelo farol do Calcanhar e de alguns picos com ondas não constantes, incluindo aí também a praia de Lagoa do Sal. Na última casa alugada em Cajueiro, dava para ir às dunas passando pelo quintal da casa. Do alto era possível ver um pôr-do-sol e nascer da Lua cheia incríveis.
Durante o ano de 2003 lecionei em Santana do Seridó, já quase na divisa com a Paraíba (veja mapa abaixo). Passava por lá a semana toda e no sábado de manhã, bem cedinho, pegava estrada rumo à Cajueiro. Eram seis horas de viagem com a minha XLR 125, parando apenas para abastecer em Santa Cruz e na zona norte em Natal. Ao chegar em Cajueiro, depois de guardar a moto na garagem e trocar de roupa, ia surfar. Até meados de março peguei altas ondas, alguns dias grandes, outros dias pequenos, mas sempre valendo a caída. No domingo por volta das três horas fazia o caminho de volta. Quando terminou o período de surf, começava as chuvas, então eram as caminhadas que faziam minha cabeça, tanto no sentido de Lagoa do Sal como de Touros. A partir de julho começava o período de sandboard, com o final das chuvas e o início dos ventos fortes.
As caminhadas para as dunas de Lagoa do Sal e para as dunas de Cajueiro duraram até o final do ano de 2003 e janeiro de 2004. Em fevereiro fui trabalhar em São Miguel do Gostoso, passando a morar lá e pegando ondas em Cajueiro. As aventuras em São Miguel do Gostoso já foram contadas, para lê-las clique aqui e aqui. A partir da praia de Touros, a aventura agora passa pelo leste em direção ao sul, o que chamarei de aventura sul, mas isto será assunto para o próximo post.
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Vista do pico principal para o surf. Na maré cheia fica difícil surfar, pois as ondas quebram na barreira de pedras. |
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Vista do litoral de Cajueiro com o local das casas, dunas e do surf. |
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A caminhada até a praia de Touros dava cerca de 10 Km. |
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Vista da duna por trás da casa alugada. A lua cheia nascia neste horizonte. |
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Trajeto em azul mostrando os cerca de 370 Km percorridos de moto para se chegar à praia de Cajueiro. |
tu é mesmo louco por essas aventuras, procurar cajueiro em 90 so tu, e ja quase um setentão, waleu parceiro tu é demais.
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